O ano passado, vários órgãos de comunicação social noticiaram que a cervejeira de Isabel dos Santos, que fabrica a marca própria Luandina e a portuguesa Sagres em Angola, corria o risco de entrar em falência, num curto espaço de tempo. O CEO da Sodiba, Luís Correia, garantiu que estão a ser feitos todos os esforços para o evitar.
Apesar de não ter havido um perdão de dívida por parte das instituições bancárias, houve “recetividade dos bancos financiadores para reestruturar a dívida para uma maturidade mais longa de forma a aliviar as necessidades de cash-flow no imediato”, explicou, sem no entanto dar valores.
Para além da restruturação da dívida, a empresa angolana, que conta com uma produção anual de 144 milhões de litros, conseguiu negociar um contrato de co-packing para outra marca de cerveja que lhe “permitiu garantir um reforço de receitas essencial ao equilíbrio da sua conta de exploração”, acrescentou Luís Correia.
E apesar dos problemas, a produção da portuguesa Sagres não foi afetada. “O acordo existente em Angola mantém-se”, disse ao ECO a Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC), que é controlada pela holandesa Heineken e produz em Portugal a marca Sagres. A Sagres começou a ser produzida em Angola em março de 2017.
A “relação é sólida”, assegurou o CEO da Sodiba, “e a continuidade um desejo de ambas as partes”. “A SCC é um parceiro estratégico e fundamental e temos apostado fortemente na marca Sagres nos diferentes formatos, com o lançamento também da cerveja Bohemia e da preta, ambas com enorme sucesso”, adiantou Luís Correia.
Mas, a empresa não é imune aos efeitos da Covid-19. A pandemia veio colocar entraves ao plano de exportações para a Ásia mas apesar desta condicionante a cervejeira está a “conseguir ter bons resultados nos países limítrofes com a cerveja Luandina”, revelou Luís Correia.
Em dezembro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo de contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos e do falecido marido, o congolês Sindika Dokolo, por alegados negócios privados que terão lesado o Estado angolano, assim como de nove empresas do casal. Nesse rol estava a Sodiba que tinha sido inaugurada em dezembro de 2016, resultado de um investimento inicial de 150 milhões de dólares (123 milhões de euros).
Este arresto comprometeu o plano de negócios que previa uma injeção de 1.500 milhões de kwanzas (1,8 milhões de euros à cotação atual) no primeiro trimestre de 2020, essencialmente para compra de matéria-prima. Uma injeção que não foi concretizada e que exigiu a “quase anulação do plano de investimentos”, nas palavras de Luís Correia.
Quanto à relação com a filha do ex-Presidente de Angola, o CEO da Sodiba disse que “é boa, como sempre foi” e que “o contacto é regular”. “Não obstante tudo o que se passou com a engenheira Isabel dos Santos no passado ano, ela sempre esteve disponível para discutir a estratégia e colaborar nos temas que competem ao acionista”, concluiu Luís Correia.
Fonte: Anonotícias